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Empresas entram na disputa para lançar avião elétrico
Projetos são promissores, mas dependem de evolução tecnológica das baterias
A ideia de um avião movido a eletricidade existe há décadas, mas só recentemente começou a decolar. Há mais de uma dúzia de startups e empresas que estão desenvolvendo protótipos híbridos e elétricos, e algumas delas acreditam que iremos viajar a bordo de uma nave totalmente elétrica em algum momento na próxima década.
Os conceitos de carros e aviões elétricos em desenvolvimento hoje não se parecem em nada com os modelos mostrados em filmes de ficção ou com os veículos que desafiam a gravidade mostrados em Blade Runner, por exemplo.
Em vez disso, os protótipos de aviões elétricos, em sua maioria, têm aspecto fino e são feitos de fibra de carbono leve.
Mas a ideia de uma aeronave de grande porte que consiga decolar e aterrissar, ser operada com segurança e ser rentável é algo que depende quase totalmente do avanço tecnológico das baterias.
Ao menos 20 empresas têm planos de oferecer serviços de táxi aéreo, incluindo fabricantes de aeronaves como a Boeing e a Airbus.
A Uber, empresa de transporte privado urbano, revelou detalhes do seu protótipo de carro voador elétrico e informou que deve iniciar as atividades de táxi aéreo em 2023.
No entanto, colocar um avião no ar exige uma quantidade absurda de energia e, atualmente, as baterias são muito pesadas e extremamente caras. Outro fator extremamente importante é a densidade de energia – quantidade de energia armazenada em um determinado sistema. As baterias atuais não contêm energia suficiente para tirar um avião de grande porte do solo.
De acordo com a publicação da The Verge, a densidade de energia da bateria aumenta somente de 5 a 8% ao ano. Para que um avião de pequena escala consiga levantar voo, as baterias precisarão atingir cerca de cinco vezes sua densidade atual.
Seguindo o ritmo atual da tecnologia de baterias e motores elétricos para aeronaves, pode ser que não tenha um avião comercial elétrico ou híbrido em pleno funcionamento antes de 2030.
Houve algum progresso significativo no voo movido a bateria nos últimos anos. Em junho de 2016, um avião movido a energia solar completou sua viagem ao redor do mundo, concluindo o percurso em 1 ano.
O Solar Impulse 2 é equipado com 17.000 células fotovoltaicas que alimentavam seus motores e carregam suas baterias durante o dia. Mas o avião está longe da capacidade de uma aeronave comercial.
Ou seja, o avião estava com a cabine despressurizada, sem aquecimento, levava somente o piloto e voava a uma velocidade de 48 km/h, cerca de 18 vezes mais lento do que um avião movido a combustível fóssil.
O Solar Impulse 2 foi um passo positivo, mas é também um sinal da longa estrada à frente para o voo elétrico. O Long ESA , projetado pelo famoso engenheiro aeroespacial Burt Rutan, foi outro marco.
Em 2012, tornou-se uma das aeronaves elétricas mais rápidas já testadas, viajando a 325 km/h enquanto transportava uma única pessoa. Em contrapartida, um Boeing 787 voa a 954 km/h e pode transportar mais de 242 passageiros.
Startups e avião elétricos
Algumas startups estão animadas com o desafio de produzir uma aeronave elétrica ou híbrida. A Zunum Aero, uma startup de jatos elétricos apoiada pela Boeing HorizonX e pela JetBlue Technology Ventures, pretende lançar seu jato elétrico híbrido de 12 passageiros em 2022.
A Kitty Hawk, uma startup de carro voador elétrico fundada por Larry Page, da Google, também entrou na corrida para lançar seu produto no mercado.
A Uber deve iniciar os testes com uma aeronave de decolagem e aterrisagem vertical até 2020.
A empresa contratou a especialista em baterias da Tesla Motors, Celina Mikolajczak, que vai liderar uma equipe para desenvolver uma bateria poderosa e leve.
Em uma conferência organizada pela Uber, Mikolajczak disse que a tecnologia das baterias vai melhorar cada vez mais, e isso também deve acontecer com os motores utilizado nos aviões elétricos.
O especialista em aviação Richard Aboulafia, vice-presidente de análise da Teal Group, uma empresa de pesquisa de mercado aeroespecial, acredita que a tecnologia híbrida é muito mais promissora do que as aeronaves puramente elétricas.
Em entrevista ao The Verge, Aboulafia afirma que a tecnologia híbrida é uma meta muito mais realista e pode ser viável na década de 2030. Para ele, a tecnologia de baterias está muito longe de ser capaz de levantar algumas pessoas no ar com um avião de decolagem convencional. O sonho dos carros voadores elétricos será um sonho por algum tempo.